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28/04/04

Dias...
por José Sebastião

Há dias em que é inútil tentarmos ser aquilo que não somos. É inútil representar nesses dias, pois a máscara logo cai. Suavemente, sem pudores, receios ou medos... ela cai e revela-nos. Ilumina a nossa face, rígida, amedrontada pela dureza da maturidade, pela dureza do horário, da conta ao fim do mês, do relógio que pesa quilos no nosso pulso, do telemóvel que toca mesmo quando está desligado. É tão difícil sermos outro quando se nos é roubada a mentira. Quando se nos é tirada a rede do trapézio, a batata do nariz, a pintura, as cabeleiras, os cartões de crédito, as fotos, a fama...
Há dias em que é inútil imaginar qualquer coisa de diferente para as nossas vidas, porque a insatisfação é parte da condição humana, parte da condição de sermos insatisfeitos, de estarmos em constante evolução...
Há dias em que é inútil enchermos o peito de orgulho, pois a fragilidade é mais poderosa que uma bomba. E destrói toda a nossa aparência...
Há dias em que é inútil escrever... pois até a escrita é um acto de falsidade.

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