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29/04/04

Pequenos Pensamentos
por José Sebastião

a) A vida é o molho de um prato principal desconhecido.

b) A vida é um intervalo na eternidade. Resta saber quantos anúncios vamos ter de gramar…

c) A melhor forma de mentir é dizer que a verdade é relativa. Tudo depende do ponto de vista. Ora, se um homem se suicida com um tiro na cabeça significa que não se suicidou com um tiro no coração. Mas, se o vento estiver forte, a bala disparada de encontro ao cérebro pode ser desviada numa trajectória inversa e voltar à pistola. Como a pistola tem a colátra torta a bala pode muito bem atravessar o coração. Tudo isto são pontos de vista. O que conta é que o homem morreu e isso, bem… pode ser bom ou mau. Depende do ponto de vista.

d) Quando oiço falar da morte dos outros fico sempre com a sensação que sou eterno. Não sei, talvez pense que ainda sou novo e essas coisas só acontecem aos velhos e aos doentes. De facto, morrer significa esquecer que se vive. Qual é o sentido da vida senão a própria vida? Tudo isto serve para que aprendamos com os nossos medos e com as nossas perguntas. Pois é… a vida é uma escola de medos e onde se respondem a perguntas. Fazemos tudo por medo e não fazemos determinadas coisas por medo. A morte pode muito bem existir porque tivemos, em alguma altura da nossa existência, medo. E a falta de emprego? E o défice? E a miséria e a toxicodependência? É melhor esquecermos o medo e vivermos a nossa vida descansados. Até quando?

e) E se Jesus Cristo viesse de novo… morreria crucificado num reality show!

f) A metafísica é como uma pastilha elástica. Mexe-se infinitamente na boca, mas não se engole, não alimenta, apenas distrai.

g) O homem da padaria desejou-me boa noite quando fui comprar pão de manhã. Achei estranho, mas logo percebi que se tratava de uma gafe. Retorqui com um “Boa noite!”, ao qual foi respondido “É bom dia!”. É apenas isto que distingue os homens. Aprendi que ceder é dar a outra face. E ri-me à gargalhada, com o cheiro a pão quente invadindo o ar matinal.

h) Estou farto de querer ser escritor. Ou de querer ser alguma coisa, como se fosse obrigatório sermos alguma coisa para termos direito à vida ou à sua presença nela (que são duas coisas diferentes). Estou cansado das pseudo-obrigações subtis da sociedade ultra-moderna, que faz prevalecer o espírito da solidariedade oca e falsa sobre o da dureza da verdade e da convicção anárquicas. Toda a gente tem de prestar contas a alguém, porquê? Há alguém dotado de poderes extra-humanos? Há alguém que governe melhor as leis de Deus que não o próprio? Deixem-no decidir, por favor! O IRS, o IVA, o IRC também são criações de Deus! Tenham paciência…

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