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08/06/04

Bar Irreal
por José Sebastião

O copo iluminado pelo néon azulado
Sorri para a bebida escurecida pela noite.
Tímida
Esconde a face avermelhada
Com um lenço branco bordado a linho.
Por entre os átomos da bebida
O vento
Entrando pela porta dos fundos
Percorre friamente
As moléculas da paixão iniciática.
"Tiveram medo?"
O verde-escuro do balcão
Torce o nariz…
Parece-lhe improvável o romance.
Ouve-se uma balada
Na pista de dança.
São levados
Entre empurrões e pisadelas
Para o centro da espiral.
Quando se olham
Silêncio
Os seus olhares entrelaçam-se
Os seus lábios procuram-se
Lentamente…
O momento é único
Sublime
Perfeito.
Suavemente a bebida escura
Ganha o brilho do copo
E o copo
Antes iluminado pelo néon azulado
Está agora envolvido pela paixão
Em tons de amarelo e laranja.
Muito devagarinho
Os lábios tocam-se
As mãos procuram as linhas
Os planos sobre o caos
Toda a vida está ali condensada
Num instante infinito.
Mas quem disse que os objectos não sentem…
Se o seu reflexo somos nós?

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