01/03/06
Viagem
por José Sebastião
No site www.a4band.com poderão visualizar a nossa participação na rubrica do Júlio Isidro "Cantinho dos Artistas", no programa "Portugal no Coração" da RTP1.
"Viajar é preciso..."
por José Sebastião
No site www.a4band.com poderão visualizar a nossa participação na rubrica do Júlio Isidro "Cantinho dos Artistas", no programa "Portugal no Coração" da RTP1.
"Viajar é preciso..."
31/01/06
Traço da Semente
por José Sebastião
Dedicado ao Esticadinho
Antes da semente
Nasce a ideia
Qual coisa inacabada
Para sempre…
Cada passo em direcção ao infinito
Faz-se pela estrada da simplicidade
Onde reinam mundos como o teu
Com orvalho
Vento
E musas que te inspiram.
Mas também momentos silenciosos
Nos quais a palavra serve apenas para relembrar
Que estamos vivos
Que somos feitos de carne e sangue
Que sentimos
E que choramos.
Serve apenas para voltar a acordar
Numa destas manhãs
E viver a beleza de um novo dia.
Antes da semente
Existe a esperança…
E essa é a tua obra.
por José Sebastião
Dedicado ao Esticadinho
Antes da semente
Nasce a ideia
Qual coisa inacabada
Para sempre…
Cada passo em direcção ao infinito
Faz-se pela estrada da simplicidade
Onde reinam mundos como o teu
Com orvalho
Vento
E musas que te inspiram.
Mas também momentos silenciosos
Nos quais a palavra serve apenas para relembrar
Que estamos vivos
Que somos feitos de carne e sangue
Que sentimos
E que choramos.
Serve apenas para voltar a acordar
Numa destas manhãs
E viver a beleza de um novo dia.
Antes da semente
Existe a esperança…
E essa é a tua obra.
10/07/05
Sonoridades
por Bruno Fonseca
Sentado junto deste ecran vejo uma prisão.
Porém os sons que me envolvem libertam ideias e levam-me para longe daqui. Um rumo que inicia com "Brad Mehldau - Art of the trio: back at the vanguard" e regressa ao nosso recanto com criações nacionais.
Partilho aqui neste momemto e para os mais desatentos um projecto que quer crescer e ser vivido - A4 pop/rock. Uma família de músicos com vontade de comunicar, viver o momento do palco. A estreia foi a 28 de Junho no Santiago Alquimista e novos concertos estão para surgir - bares, eventos e outros momentos.
Deixo aqui o link para que possam conhecer melhor esta formação:
www.a4-poprock.com
Através de um novo salto, convido-vos a aguardar um projecto mais clássico e interior que pretendo oferecer aos vossos ouvidos. Está para breve. É apenas uma questão de estarem atentos.
As sonoridades à muito que se sentiam presas neste ecran. Hoje querem-se por aí, espalhadas à mercê de todas as críticas. Respiram a atenção de quem vive as emoções e a alegria que estes "palcos" emanam.
por Bruno Fonseca
Sentado junto deste ecran vejo uma prisão.
Porém os sons que me envolvem libertam ideias e levam-me para longe daqui. Um rumo que inicia com "Brad Mehldau - Art of the trio: back at the vanguard" e regressa ao nosso recanto com criações nacionais.
Partilho aqui neste momemto e para os mais desatentos um projecto que quer crescer e ser vivido - A4 pop/rock. Uma família de músicos com vontade de comunicar, viver o momento do palco. A estreia foi a 28 de Junho no Santiago Alquimista e novos concertos estão para surgir - bares, eventos e outros momentos.
Deixo aqui o link para que possam conhecer melhor esta formação:
www.a4-poprock.com
Através de um novo salto, convido-vos a aguardar um projecto mais clássico e interior que pretendo oferecer aos vossos ouvidos. Está para breve. É apenas uma questão de estarem atentos.
As sonoridades à muito que se sentiam presas neste ecran. Hoje querem-se por aí, espalhadas à mercê de todas as críticas. Respiram a atenção de quem vive as emoções e a alegria que estes "palcos" emanam.
19/04/05
Sem Título
por José Sebastião
Hoje sinto-me sem título. Será que a introdução da minha pessoa não é suficiente para se perceber o tema do meu ser? Provavelmente a vida sem títulos seria mais interessante. Depois de ouvir alguém gritar: "tira-me essa máscara!", pergunto-me se o título não é apenas um engano para quem tem a propensão de ler o texto integral. Sem título ou com máscara... eis a questão! A verdade é que aqui estamos e portanto temos de fazer alguma coisa... ou não. A acção na inacção. A energia na matéria e, de uma vez por todas, fora os títulos!
por José Sebastião
Hoje sinto-me sem título. Será que a introdução da minha pessoa não é suficiente para se perceber o tema do meu ser? Provavelmente a vida sem títulos seria mais interessante. Depois de ouvir alguém gritar: "tira-me essa máscara!", pergunto-me se o título não é apenas um engano para quem tem a propensão de ler o texto integral. Sem título ou com máscara... eis a questão! A verdade é que aqui estamos e portanto temos de fazer alguma coisa... ou não. A acção na inacção. A energia na matéria e, de uma vez por todas, fora os títulos!
19/03/05
Identidades Secas
por Bruno Fonseca
Passaram-se meses e meses... passou até mesmo um ano e não surgiram novas ideias. Será?!
As ideias estiveram sempre a fervilhar, mas o tempo e a vontade retiveram o impulso e o imediato, permitindo um:
- "amanhã também é dia para..." :)
Agora que enfrento a responsabilidade de manter este blog activo tenho de criar um esforço regular para não deixar cair os percursos no esquecimento.
Neste post falo-vos de uma nova identidade e da seca que nos controla.
Miopia Nacional surge para ficar e abrir os olhos dos mais desatentos.
Há quem diga que os palhaços desta vida estão com vontade de nos fazer rir e sair deste percurso fechado.
Recomendo!
Esta semana ao ver duas fotos-satélite que ilustravam um Portugal de Fevereiro/2003 e um Portugal actual, fiquei atento e preocupado.
Longe vão os tempos de chuva """""""""
Confesso que este governo não terá tarefa fácil.
José Sócrates e todo o seu elenco enfrentam uma nova postura no trabalho político
- a mutação da natureza mãe e a consequente transformação da natureza interior.
O ciclo está invertido!
Teremos um Agosto chuvoso? Será esta inversão positiva?
Talvez os portugueses não precisem de voar para terras tão longínquas à procura de um Natal em biquini.
Sinto na seca uma nova forma de estar!
Os percursos transformam-se e dão lugar a um voo interior paranóico.
O desconforto diário leva-nos a criar ficções na nossa mente. Problemas que se intensificam, atingindo estados profundos de demência.
Também não é para mais, as nossas identidades sofrem diariamente ataques banais, sendo satirisadas com intrigas de bairro, com uma total falta de inteligência. Enfim, novos/velhos caminhos para as nossas mentes adormecidas.
A seca entrenha-se no nosso pensamento e deixa-nos confusos.
Vivemos actualmente o estranho momento da incerteza e da descontinuidade.
O que será a definição de uma identidade? Provavelmente a secura de nos tornarmos seres híbridos e confusos.
Queremos tanto ser individuais que nos esquecemos aquilo que realmente queremos ser.
Palavras atabalhoadas dado o excesso de tempo em que se encontraram guardadas.
Depois de tamanha confusão e de tantas palavras que saem em série, prevejo, nos próximos percursos, viagens intensas ao interior da nossa mente. Uma procura interior, pessoal e necessariamente transmissível.
Deixo apenas a nota de um concerto que pretendo destacar:
- Djavan no Coliseu Lisboa - 20 de Março de 2005.
Até à próxima viagem!
por Bruno Fonseca
Passaram-se meses e meses... passou até mesmo um ano e não surgiram novas ideias. Será?!
As ideias estiveram sempre a fervilhar, mas o tempo e a vontade retiveram o impulso e o imediato, permitindo um:
- "amanhã também é dia para..." :)
Agora que enfrento a responsabilidade de manter este blog activo tenho de criar um esforço regular para não deixar cair os percursos no esquecimento.
Neste post falo-vos de uma nova identidade e da seca que nos controla.
Miopia Nacional surge para ficar e abrir os olhos dos mais desatentos.
Há quem diga que os palhaços desta vida estão com vontade de nos fazer rir e sair deste percurso fechado.
Recomendo!
Esta semana ao ver duas fotos-satélite que ilustravam um Portugal de Fevereiro/2003 e um Portugal actual, fiquei atento e preocupado.
Longe vão os tempos de chuva """""""""
Confesso que este governo não terá tarefa fácil.
José Sócrates e todo o seu elenco enfrentam uma nova postura no trabalho político
- a mutação da natureza mãe e a consequente transformação da natureza interior.
O ciclo está invertido!
Teremos um Agosto chuvoso? Será esta inversão positiva?
Talvez os portugueses não precisem de voar para terras tão longínquas à procura de um Natal em biquini.
Sinto na seca uma nova forma de estar!
Os percursos transformam-se e dão lugar a um voo interior paranóico.
O desconforto diário leva-nos a criar ficções na nossa mente. Problemas que se intensificam, atingindo estados profundos de demência.
Também não é para mais, as nossas identidades sofrem diariamente ataques banais, sendo satirisadas com intrigas de bairro, com uma total falta de inteligência. Enfim, novos/velhos caminhos para as nossas mentes adormecidas.
A seca entrenha-se no nosso pensamento e deixa-nos confusos.
Vivemos actualmente o estranho momento da incerteza e da descontinuidade.
O que será a definição de uma identidade? Provavelmente a secura de nos tornarmos seres híbridos e confusos.
Queremos tanto ser individuais que nos esquecemos aquilo que realmente queremos ser.
Palavras atabalhoadas dado o excesso de tempo em que se encontraram guardadas.
Depois de tamanha confusão e de tantas palavras que saem em série, prevejo, nos próximos percursos, viagens intensas ao interior da nossa mente. Uma procura interior, pessoal e necessariamente transmissível.
Deixo apenas a nota de um concerto que pretendo destacar:
- Djavan no Coliseu Lisboa - 20 de Março de 2005.
Até à próxima viagem!
03/01/05
Casamente
por José Sebastião
As pessoas casam mais cedo
Casam em Janeiro
Porquê?
Talvez por causa do frio
Talvez por causa do dinheiro
Talvez por causa do tempo
Talvez por causa das datas
Talvez por causa dos convidados
Talvez por causa das quintas
Talvez por causa dos padres
Talvez por causa da igreja
Talvez por causa do medo
Talvez por causa da solidão
Talvez por causa da sorte
Talvez por causa da publicidade
Talvez por causa dos pais
Talvez por causa dos avós
Talvez por causa da guerra
Talvez por causa da morte
Talvez por causa dos contractos
Talvez por causa do espaço
Talvez por causa da escova de dentes
Talvez por causa do cão
Talvez por causa do gato
Talvez por causa do rato
Talvez por causa de mim
Talvez por causa de ti
Talvez por causa de nós
Talvez por causa da gravidez indesejada
Talvez por causa da pureza
Talvez por causa da virgindade
Talvez por causa da pressa
Talvez por causa das quecas
Talvez por causa do talvez
Talvez por causa da causa
Talvez por causa do efeito
Talvez por causa do abono familiar
Talvez por causa do calor
Talvez por causa dos gemidos
Talvez por causa dos orgasmos
Então, mas…
Já não se casa por amor?
por José Sebastião
As pessoas casam mais cedo
Casam em Janeiro
Porquê?
Talvez por causa do frio
Talvez por causa do dinheiro
Talvez por causa do tempo
Talvez por causa das datas
Talvez por causa dos convidados
Talvez por causa das quintas
Talvez por causa dos padres
Talvez por causa da igreja
Talvez por causa do medo
Talvez por causa da solidão
Talvez por causa da sorte
Talvez por causa da publicidade
Talvez por causa dos pais
Talvez por causa dos avós
Talvez por causa da guerra
Talvez por causa da morte
Talvez por causa dos contractos
Talvez por causa do espaço
Talvez por causa da escova de dentes
Talvez por causa do cão
Talvez por causa do gato
Talvez por causa do rato
Talvez por causa de mim
Talvez por causa de ti
Talvez por causa de nós
Talvez por causa da gravidez indesejada
Talvez por causa da pureza
Talvez por causa da virgindade
Talvez por causa da pressa
Talvez por causa das quecas
Talvez por causa do talvez
Talvez por causa da causa
Talvez por causa do efeito
Talvez por causa do abono familiar
Talvez por causa do calor
Talvez por causa dos gemidos
Talvez por causa dos orgasmos
Então, mas…
Já não se casa por amor?
17/08/04
Mês de Agosto
por Bruno Fonseca
Começo por me interrogar sobre a sua veracidade.
Os novos ventos trouxeram tantas mudanças, terão sido demasiado fortes?
Este mês trouxe novidades espantosas.
Habituado ao fantástico mês de Agosto perdi algumas memórias nas tardes de chuva e de sol que passaram e modificaram os dias, a temperatura, o mundo e as suas pessoas.
Reconheço algum espanto. Nunca esperei em momento algum viver tantas mudanças significativas.
Se me perguntam se bom ou mau eu não sei dizer. Tem sido diferente.
Os meus hábitos deixaram de ser rotineiros e previsíveis.
Cada momento é um momento novo.
por Bruno Fonseca
Começo por me interrogar sobre a sua veracidade.
Os novos ventos trouxeram tantas mudanças, terão sido demasiado fortes?
Este mês trouxe novidades espantosas.
Habituado ao fantástico mês de Agosto perdi algumas memórias nas tardes de chuva e de sol que passaram e modificaram os dias, a temperatura, o mundo e as suas pessoas.
Reconheço algum espanto. Nunca esperei em momento algum viver tantas mudanças significativas.
Se me perguntam se bom ou mau eu não sei dizer. Tem sido diferente.
Os meus hábitos deixaram de ser rotineiros e previsíveis.
Cada momento é um momento novo.
28/06/04
Estranha Melodia dos Macacos
por José Sebastião
Para vós, irmãos!
És filho do homem
Acreditas em Deus
Tornas-te homem.
És pecador
Todos vós nasceis pecadores!
És mortal
Deus é Perfeição!
És carnal
Deus é Omnipotência!
És espiritual
Deus é Omnipresença!
És racional
Deus é Salvação!
És um pintor
Tens uma sala de exposições
Pintas telas com tintas
Com suor
Com lágrimas.
Gostas de pintar nu
Adoras ejacular para os quadros depois de acabados,
Um véu branco encobrindo uma qualquer coisa irreal
Absoluta
Perfeita.
Detestas conceitos
Definições e respostas
Vives apenas de perguntas.
Adoras esculpir
Tens estátuas de mulheres a masturbarem-se
De homens a serem massacrados por outros homens.
Tentas desenhar sentimentos
Só ficariam bem no papel.
És um fotógrafo
De revistas de arte e de moda
Tens ganho alguns prémios.
Não és pecador
És apenas ateu,
Ou agnóstico – termo que utilizas para qualificar a tua fé.
Deus não existe para ti
Todos escolhem a sua existência.
Estás entre o caos e a ordem, existirá melhor?
Onde entra Deus nesta história?
As discotecas
Os bares
Os pub’s
As casas de putas
As ruas da cidade
Durante a noite
Durante o dia
Os cafés
Os centros comerciais
As boutiques do desejo,
Estão carregadas de fumos
De álcoois
De drogas
De luxos e de fúrias
De luxúrias
De medos
De líquidos viscosos
De diferenças
De semelhanças
De distâncias
De culpas
De desculpas
De perdões
De patrões
De excrementos
De cruzes e contra-cruzes
De símbolos
De mitos e de aparências
De realidades e de sonhos
De astros
De vinhos
De caninos
Muitos
Todos em comunidade.
A fé é a tua vida.
És um poeta
Um romancista
Um novelista
Um cronista
Um contista
És um dramaturgo
És egoísta,
Alguém se importa?
Sentas-te ao balcão
A noite parece-te igual às outras.
Ao passar,
Sentes o cheiro de uma mulher
Esvanecendo pelos céus
Até desaparecer lentamente,
Que te deixa estupidamente estonteado.
Ao longe
Ouves o mesmo trote de passos
Marcando o ritmo da loucura,
Que o desejo seja consumado
Amén!
Sentes-te leve como um pássaro
Mas tens nos pés umas botas de chumbo.
A tua alma voa sem destino
A branca tira-te o fado.
Perdes-te dentro de ti
Paras em todas as estações,
Próxima estação:
Ilusão
Sais.
Tu amas a tua beleza.
São sete da manhã
Toca o despertador
Levantas-te às três da tarde.
Fumas um cigarro,
Saboreias esse cigarro como se fosse o último
Como fazes com tudo.
Preparas um café
Sabe a fracasso
Toca o telefone.
Estão dentro de ti
Um corpo de homem e um corpo de mulher
Nus
Aos quais te abraças.
Esta viagem tem a duração exacta do tempo a recuar
É tão rápida que parece não existir
A verdade é:
Queria ser penetrada por dois homens ao mesmo tempo.
Vivam os sentidos!
“Vivam!” – grita o animal eufórico.
Os sexos tocavam-se com pouca delicadeza
Estavam ali para foder
Não para estarem com cerimónias.
O teu corpo transpira angústia.
Vieste-te no seu rosto.
A tua mãe morreu há quinze anos.
Não conheceste o teu pai.
Rejeitaste o pó
Estás a ficar doente.
Pintas
Numa tela azul
Um altar de vidro
Três riscos de pó em forma de cruz
Com Jesus Cristo injectando-se na artéria do braço esquerdo
Em frente à televisão.
Sabes que estás a morrer
Como deveriam saber todos os que o não sabem.
Olhas o espelho
O que vês?
Lembras-te da tua mãe.
Silêncio
Vazio
Qual é a cor do vazio?
Nada é puro.
Já não consegues sentir?
Foste à igreja
Ficaste sentado em frente ao altar
Reflectiste sobre ti
Sobre a tua condição
Sais feliz.
A vida é uma opção
Vives ou não vives?
Estás
E saber estar é um acto sublime.
Toca o telefone
Fumas um outro cigarro que te parece o mesmo
E adormeces com a seringa presa ao braço.
Sonhas
Porque os miseráveis também sonham.
No cu é que está a virtude!
Ó tu que procuras a virtuosidade!
Ó tu que procuras a perfeição!
Esconde-te!
Continuas a procurar a perfeição?
Quem a não procura?
A tua cabeça já não gosta de movimento
Na cidade a tua alma fica presa nas paredes da frente
De trás
Dos lados
Às vezes de cima
Não suportas paredes
Barram-te a vista,
Cada vez menos suportas paredes
E vozes,
Vozes que te indicam o caminho certo.
Gostas mais de omeletes
Com ovos
Também gostas com salsichas
Fascistas!
Porcos!
E gostas de lagostas com vinho tinto
Enquanto vês uma mulher a dormir.
Preparas mais uma dose.
Olhas em frente e vê-la
Acordaste e já não é nada.
Flash!
E outro no qual a vês sem rosto!
Queres conhecê-la
Sempre esperaste conhecê-la…
Agora que a sentes perto de ti
Como está perto a agulha do teu braço
Entras
Vê-la
Sente-la dentro da tua artéria
Como se ela fosse o teu pénis na sua boca!
Tu ainda amas
Amas todas as mulheres do mundo!
Olhas para o relógio e ele não tem ponteiros
Arrancaste-os à dentada!
À dentada?
“À procura da dentadura da velha do sétimo andar, isso é que foi!”
Andas devagar
Como o caracol,
Trazes às costas a casa de todas as recordações
Possíveis e imagináveis
Que fazem de ti um livro em branco.
“Mas a vida não é só uma?” – perguntam do fundo da rua.
Esperas
Esperas
Esperas
Desesperas
Esperas
Desesperadamente esperas
A espera desesperada.
Olha o passado a prender-te ao chão!
Queres criar
Ouves dizer que tudo está inventado
Que tudo o que é belo já foi feito
Estão apenas a refazer o belo.
Achas estranho
Continuas
Não desistes
Queres ser um nome
Queres ter um nome
Não sabes sequer o teu nome
Compras um nome.
Os loucos são crianças em segunda mão
O que vos une é a dor e o amor da infância.
O tempo entre a vida dos vivos e a vida dos esquecidos
É apenas um desencontro.
Tens pouco tempo
Não pensas nisso.
Rezas
E voltas a rezar
Olha
Tens cabelos brancos!
Viajas sem destino
E continuas a fumar o teu cigarro apagado
Com a mesma vontade que fumarias se ele estivesse aceso.
Vês o fumo a sair da tua boca
E ao veres o fumo sentes o fumo,
Mas sentes o fumo de uma outra maneira
Sentes o fumo com gosto a ausência
A solidão
A saudade
Dos tempos passados
Com gosto a juventude,
À tua juventude!
Meu caro, tudo o que é verdadeiro é vão.
Acordas de mãos dadas com a morte
Perguntas-lhe se já são horas de levantar,
Ou se ainda é cedo.
Ela parece não ouvir a tua pergunta
Está simplesmente virada para o seu lado
Sonhando com tudo aquilo que gostaria de fazer antes de morrer.
Levantas-te e deixa-la dormir.
“Sabes que todos pensam o mesmo.”
Enquanto fazes a barba pensas o porquê das coisas.
Pensas na razão que te levou a conquistar aquela que dorme na tua cama
Todas as noites
Fielmente.
Não te imaginas sem ela
É tudo para ti!
Sentes-te livre
Verdadeiramente livre
Mas no espelho só estás tu.
Em cima da cómoda onde guardas a tua roupa interior
Estão os retratos da tua mãe.
Sais da vida
Levando no peito
Uma rosa seca que ainda cheira a infância.
Lá fora
A aurora rompe a noite
E traz mais um filho para criar.
por José Sebastião
Para vós, irmãos!
És filho do homem
Acreditas em Deus
Tornas-te homem.
És pecador
Todos vós nasceis pecadores!
És mortal
Deus é Perfeição!
És carnal
Deus é Omnipotência!
És espiritual
Deus é Omnipresença!
És racional
Deus é Salvação!
És um pintor
Tens uma sala de exposições
Pintas telas com tintas
Com suor
Com lágrimas.
Gostas de pintar nu
Adoras ejacular para os quadros depois de acabados,
Um véu branco encobrindo uma qualquer coisa irreal
Absoluta
Perfeita.
Detestas conceitos
Definições e respostas
Vives apenas de perguntas.
Adoras esculpir
Tens estátuas de mulheres a masturbarem-se
De homens a serem massacrados por outros homens.
Tentas desenhar sentimentos
Só ficariam bem no papel.
És um fotógrafo
De revistas de arte e de moda
Tens ganho alguns prémios.
Não és pecador
És apenas ateu,
Ou agnóstico – termo que utilizas para qualificar a tua fé.
Deus não existe para ti
Todos escolhem a sua existência.
Estás entre o caos e a ordem, existirá melhor?
Onde entra Deus nesta história?
As discotecas
Os bares
Os pub’s
As casas de putas
As ruas da cidade
Durante a noite
Durante o dia
Os cafés
Os centros comerciais
As boutiques do desejo,
Estão carregadas de fumos
De álcoois
De drogas
De luxos e de fúrias
De luxúrias
De medos
De líquidos viscosos
De diferenças
De semelhanças
De distâncias
De culpas
De desculpas
De perdões
De patrões
De excrementos
De cruzes e contra-cruzes
De símbolos
De mitos e de aparências
De realidades e de sonhos
De astros
De vinhos
De caninos
Muitos
Todos em comunidade.
A fé é a tua vida.
És um poeta
Um romancista
Um novelista
Um cronista
Um contista
És um dramaturgo
És egoísta,
Alguém se importa?
Sentas-te ao balcão
A noite parece-te igual às outras.
Ao passar,
Sentes o cheiro de uma mulher
Esvanecendo pelos céus
Até desaparecer lentamente,
Que te deixa estupidamente estonteado.
Ao longe
Ouves o mesmo trote de passos
Marcando o ritmo da loucura,
Que o desejo seja consumado
Amén!
Sentes-te leve como um pássaro
Mas tens nos pés umas botas de chumbo.
A tua alma voa sem destino
A branca tira-te o fado.
Perdes-te dentro de ti
Paras em todas as estações,
Próxima estação:
Ilusão
Sais.
Tu amas a tua beleza.
São sete da manhã
Toca o despertador
Levantas-te às três da tarde.
Fumas um cigarro,
Saboreias esse cigarro como se fosse o último
Como fazes com tudo.
Preparas um café
Sabe a fracasso
Toca o telefone.
Estão dentro de ti
Um corpo de homem e um corpo de mulher
Nus
Aos quais te abraças.
Esta viagem tem a duração exacta do tempo a recuar
É tão rápida que parece não existir
A verdade é:
Queria ser penetrada por dois homens ao mesmo tempo.
Vivam os sentidos!
“Vivam!” – grita o animal eufórico.
Os sexos tocavam-se com pouca delicadeza
Estavam ali para foder
Não para estarem com cerimónias.
O teu corpo transpira angústia.
Vieste-te no seu rosto.
A tua mãe morreu há quinze anos.
Não conheceste o teu pai.
Rejeitaste o pó
Estás a ficar doente.
Pintas
Numa tela azul
Um altar de vidro
Três riscos de pó em forma de cruz
Com Jesus Cristo injectando-se na artéria do braço esquerdo
Em frente à televisão.
Sabes que estás a morrer
Como deveriam saber todos os que o não sabem.
Olhas o espelho
O que vês?
Lembras-te da tua mãe.
Silêncio
Vazio
Qual é a cor do vazio?
Nada é puro.
Já não consegues sentir?
Foste à igreja
Ficaste sentado em frente ao altar
Reflectiste sobre ti
Sobre a tua condição
Sais feliz.
A vida é uma opção
Vives ou não vives?
Estás
E saber estar é um acto sublime.
Toca o telefone
Fumas um outro cigarro que te parece o mesmo
E adormeces com a seringa presa ao braço.
Sonhas
Porque os miseráveis também sonham.
No cu é que está a virtude!
Ó tu que procuras a virtuosidade!
Ó tu que procuras a perfeição!
Esconde-te!
Continuas a procurar a perfeição?
Quem a não procura?
A tua cabeça já não gosta de movimento
Na cidade a tua alma fica presa nas paredes da frente
De trás
Dos lados
Às vezes de cima
Não suportas paredes
Barram-te a vista,
Cada vez menos suportas paredes
E vozes,
Vozes que te indicam o caminho certo.
Gostas mais de omeletes
Com ovos
Também gostas com salsichas
Fascistas!
Porcos!
E gostas de lagostas com vinho tinto
Enquanto vês uma mulher a dormir.
Preparas mais uma dose.
Olhas em frente e vê-la
Acordaste e já não é nada.
Flash!
E outro no qual a vês sem rosto!
Queres conhecê-la
Sempre esperaste conhecê-la…
Agora que a sentes perto de ti
Como está perto a agulha do teu braço
Entras
Vê-la
Sente-la dentro da tua artéria
Como se ela fosse o teu pénis na sua boca!
Tu ainda amas
Amas todas as mulheres do mundo!
Olhas para o relógio e ele não tem ponteiros
Arrancaste-os à dentada!
À dentada?
“À procura da dentadura da velha do sétimo andar, isso é que foi!”
Andas devagar
Como o caracol,
Trazes às costas a casa de todas as recordações
Possíveis e imagináveis
Que fazem de ti um livro em branco.
“Mas a vida não é só uma?” – perguntam do fundo da rua.
Esperas
Esperas
Esperas
Desesperas
Esperas
Desesperadamente esperas
A espera desesperada.
Olha o passado a prender-te ao chão!
Queres criar
Ouves dizer que tudo está inventado
Que tudo o que é belo já foi feito
Estão apenas a refazer o belo.
Achas estranho
Continuas
Não desistes
Queres ser um nome
Queres ter um nome
Não sabes sequer o teu nome
Compras um nome.
Os loucos são crianças em segunda mão
O que vos une é a dor e o amor da infância.
O tempo entre a vida dos vivos e a vida dos esquecidos
É apenas um desencontro.
Tens pouco tempo
Não pensas nisso.
Rezas
E voltas a rezar
Olha
Tens cabelos brancos!
Viajas sem destino
E continuas a fumar o teu cigarro apagado
Com a mesma vontade que fumarias se ele estivesse aceso.
Vês o fumo a sair da tua boca
E ao veres o fumo sentes o fumo,
Mas sentes o fumo de uma outra maneira
Sentes o fumo com gosto a ausência
A solidão
A saudade
Dos tempos passados
Com gosto a juventude,
À tua juventude!
Meu caro, tudo o que é verdadeiro é vão.
Acordas de mãos dadas com a morte
Perguntas-lhe se já são horas de levantar,
Ou se ainda é cedo.
Ela parece não ouvir a tua pergunta
Está simplesmente virada para o seu lado
Sonhando com tudo aquilo que gostaria de fazer antes de morrer.
Levantas-te e deixa-la dormir.
“Sabes que todos pensam o mesmo.”
Enquanto fazes a barba pensas o porquê das coisas.
Pensas na razão que te levou a conquistar aquela que dorme na tua cama
Todas as noites
Fielmente.
Não te imaginas sem ela
É tudo para ti!
Sentes-te livre
Verdadeiramente livre
Mas no espelho só estás tu.
Em cima da cómoda onde guardas a tua roupa interior
Estão os retratos da tua mãe.
Sais da vida
Levando no peito
Uma rosa seca que ainda cheira a infância.
Lá fora
A aurora rompe a noite
E traz mais um filho para criar.
Edição Primeira
por José Sebastião
Seguidamente vou editar um texto que se chama "Estranha Melodia dos Macacos" numa versão poética e reduzida. A original, ainda inacabada, é um conjunto de contos (ou pequenas histórias) que fui escrevendo com mais dois camaradas, ambos da Irmandade do Nó (por vós totalmente desconhecida). Esperamos, quem sabe um dia, editá-los num livro de papel ou pergaminho. Para já fica esta edição primeira para adoçar ou azedar as vossas mentes. Bem hajam!
por José Sebastião
Seguidamente vou editar um texto que se chama "Estranha Melodia dos Macacos" numa versão poética e reduzida. A original, ainda inacabada, é um conjunto de contos (ou pequenas histórias) que fui escrevendo com mais dois camaradas, ambos da Irmandade do Nó (por vós totalmente desconhecida). Esperamos, quem sabe um dia, editá-los num livro de papel ou pergaminho. Para já fica esta edição primeira para adoçar ou azedar as vossas mentes. Bem hajam!
18/06/04
Caminhar
por José Sebastião
Viajando
A alma acolhe outras almas
Vivas
Eternas
Mas sós.
Cavalgando
A alma percorre espaços
Cada vez mais pequenos
Mais próximos
Mais um só espaço.
Comunicar?
Ouvindo histórias de outrora
Aprendemos a escrever as de hoje.
Inércia
Faz de nós pecadores
Não por aquilo que fizemos de mal
Mas por aquilo que não fizemos.
A vida é acção
A eternidade é um percurso…
por José Sebastião
Viajando
A alma acolhe outras almas
Vivas
Eternas
Mas sós.
Cavalgando
A alma percorre espaços
Cada vez mais pequenos
Mais próximos
Mais um só espaço.
Comunicar?
Ouvindo histórias de outrora
Aprendemos a escrever as de hoje.
Inércia
Faz de nós pecadores
Não por aquilo que fizemos de mal
Mas por aquilo que não fizemos.
A vida é acção
A eternidade é um percurso…
16/06/04
Tic-tac
por José Sebastião
Tic-tac
Uma batida
Com um suspiro controlado
Uma corrida
Estou atrasado
Tic-tac
Uma fugida
Um murmurar
Estou cansado
Mas não posso parar
Tic-tac
Um bafo quente
O suor frio
Os olhos no chão
Vou cair
Tic-tac
Mais uma vez
Não vou desistir
Tic-tac
Mais uma hora
Mais outra
Cada vez mais fora de ritmo
Vou rebentar
Tic-tac
Estou deitado
Agora parei
Num hospital
Ligado à máquina
Prestes a fugir…
Tic-tac
Rebentou.
por José Sebastião
Tic-tac
Uma batida
Com um suspiro controlado
Uma corrida
Estou atrasado
Tic-tac
Uma fugida
Um murmurar
Estou cansado
Mas não posso parar
Tic-tac
Um bafo quente
O suor frio
Os olhos no chão
Vou cair
Tic-tac
Mais uma vez
Não vou desistir
Tic-tac
Mais uma hora
Mais outra
Cada vez mais fora de ritmo
Vou rebentar
Tic-tac
Estou deitado
Agora parei
Num hospital
Ligado à máquina
Prestes a fugir…
Tic-tac
Rebentou.
Desabafo nº2
por José Sebastião
Cada vez que me sento para escrever não sei por onde começar. O que escrever? Falta de coragem… talvez. Será necessário que escreva alguma coisa? Porquê escrever? É apenas entretenimento, para ocupar o tempo. O que é a vida senão um motivo para ocupar o tempo? A vida é um motivo de distracção. A vida, pessoalmente, distrai-me da morte. Distrai-me da minha condição de imortal, de eterno. Distrai-me da minha permanência espiritual neste universo. Da minha continuidade, da minha resistência natural. Vivo apenas porque gosto de participar na distracção, na construção da ilusão. Pretendo fazer parte disto tudo, como se já não fizesse ao querer. Mas poderia, apenas, ser um sonho. Como se fosse uma mera hipótese, uma possibilidade, como se pudesse escolher qual dos caminhos a percorrer… Viver apenas como uma ideia. A ideia de viver é tão válida como a acção de viver. Pensar que se está vivo é apenas um engano confortável, não problemático, ou não? Que interessa se as coisas são ou não? Parece-me que não interessa para nada. Seria tudo de uma forma diferente se não fosse assim. Mas… o que mudaria? E o que mudaria seria suficiente? A consciência que podemos ter das hipóteses e das possibilidades transcende-me…
Olhar de soslaio para um objecto transporta-me apenas para um ângulo desse objecto, e que é meu, não do objecto em si. O objecto não se pensa a si mesmo, como a nossa mente. Quando o faz bloqueia as emoções. Tudo o que existe é emoção, tudo é criado por intuição emocional. As coisas criadas e as coisas em potência são feitas, todas elas, com amor. Com todas as variantes do amor: desde a de mais baixa-frequência, o ódio e a raiva, até à de mais alta-frequência: a compaixão, o altruísmo, ou seja, o amor incondicional e livre. É aí que temos de chegar!
por José Sebastião
Cada vez que me sento para escrever não sei por onde começar. O que escrever? Falta de coragem… talvez. Será necessário que escreva alguma coisa? Porquê escrever? É apenas entretenimento, para ocupar o tempo. O que é a vida senão um motivo para ocupar o tempo? A vida é um motivo de distracção. A vida, pessoalmente, distrai-me da morte. Distrai-me da minha condição de imortal, de eterno. Distrai-me da minha permanência espiritual neste universo. Da minha continuidade, da minha resistência natural. Vivo apenas porque gosto de participar na distracção, na construção da ilusão. Pretendo fazer parte disto tudo, como se já não fizesse ao querer. Mas poderia, apenas, ser um sonho. Como se fosse uma mera hipótese, uma possibilidade, como se pudesse escolher qual dos caminhos a percorrer… Viver apenas como uma ideia. A ideia de viver é tão válida como a acção de viver. Pensar que se está vivo é apenas um engano confortável, não problemático, ou não? Que interessa se as coisas são ou não? Parece-me que não interessa para nada. Seria tudo de uma forma diferente se não fosse assim. Mas… o que mudaria? E o que mudaria seria suficiente? A consciência que podemos ter das hipóteses e das possibilidades transcende-me…
Olhar de soslaio para um objecto transporta-me apenas para um ângulo desse objecto, e que é meu, não do objecto em si. O objecto não se pensa a si mesmo, como a nossa mente. Quando o faz bloqueia as emoções. Tudo o que existe é emoção, tudo é criado por intuição emocional. As coisas criadas e as coisas em potência são feitas, todas elas, com amor. Com todas as variantes do amor: desde a de mais baixa-frequência, o ódio e a raiva, até à de mais alta-frequência: a compaixão, o altruísmo, ou seja, o amor incondicional e livre. É aí que temos de chegar!
Desabafo
por José Sebastião
Chateia-me tanta coisa…
A gordura a mais nas mentes das pessoas
As minhas prisões
As minhas paixões
As minhas dependências
As minhas tensões
Porque é que eu não sou perfeito?
Até a minha mania da perfeição me aborrece.
As minhas fobias
Os meus medos
A minha fragilidade a pôr-me ao nível de todos os homens
Chateia-me tanta coisa…
As bandeiras em todo o lado
As rezas entre os dentes
As palavras que não são ditas e as que são ditas na altura errada.
Chateia-me tanta coisa…
A incapacidade para ouvir o outro
A impossibilidade para parar e reflectir
A dificuldade para acreditar
A loucura de não amar
Chateia-me tanta coisa…
As cidades e todo o frenesim
As aldeias e toda a calma aparente
Tudo e nada me chateia
Porque eu sou um chato
Sou aborrecido
Mas acho que sou interessante
Acho que sou belo
Mas é só quando acredito em mim
Mas eu não sou um deus.
Encontro falhas e erros em todo o lado
Como se os erros e as falhas não fizessem parte de mim, só de mim.
Chateia-me tanta coisa…
A banalidade
A superficialidade
A futilidade
O estilo misturado com os sentimentos – o novo herói romântico.
Chateia-me tanta coisa…
Os estatutos
Os doutores para tudo e para nada
O obrigadinho
E todos os clichés que teimam em martelar-me os cornos
Todas as faltas de precisão
A falta da mínima noção de equilíbrio.
Da desonestidade
Da deslealdade
Do conservadorismo sendo conservador
E de qualquer sistema político-fronteiriço.
Chateia-me tanta coisa… mas tanta coisa!
Não consigo deixar de dizer que me chateiam as desconfianças, as mentiras, as falsidades que todos os dias ouvimos.
O dormir pouco
O andar diariamente com sono
O conduzir depressa não conduzindo nada
O estudar sem criatividade
As ordens
Os horários
Os relógios
De Dalí e os mentais e físicos do homem.
As dietas
Os corpos perfeitos
A celulite
A falta de respeito por quem é gordo, ou mal feito, ou magríssimo, ou horrível, ou muito baixo, ou muito alto, ou deficiente, ou cigano, ou preto, ou maluco, ou pobre, ou rico, ou mal cheiroso, ou trafulha, ou padre, ou astrólogo, ou artista…
O não respeitarmos as diferenças apregoando a igualdade.
Chateia-me tanta coisa…
Mas nada me chateia realmente.
Foda-se!
por José Sebastião
Chateia-me tanta coisa…
A gordura a mais nas mentes das pessoas
As minhas prisões
As minhas paixões
As minhas dependências
As minhas tensões
Porque é que eu não sou perfeito?
Até a minha mania da perfeição me aborrece.
As minhas fobias
Os meus medos
A minha fragilidade a pôr-me ao nível de todos os homens
Chateia-me tanta coisa…
As bandeiras em todo o lado
As rezas entre os dentes
As palavras que não são ditas e as que são ditas na altura errada.
Chateia-me tanta coisa…
A incapacidade para ouvir o outro
A impossibilidade para parar e reflectir
A dificuldade para acreditar
A loucura de não amar
Chateia-me tanta coisa…
As cidades e todo o frenesim
As aldeias e toda a calma aparente
Tudo e nada me chateia
Porque eu sou um chato
Sou aborrecido
Mas acho que sou interessante
Acho que sou belo
Mas é só quando acredito em mim
Mas eu não sou um deus.
Encontro falhas e erros em todo o lado
Como se os erros e as falhas não fizessem parte de mim, só de mim.
Chateia-me tanta coisa…
A banalidade
A superficialidade
A futilidade
O estilo misturado com os sentimentos – o novo herói romântico.
Chateia-me tanta coisa…
Os estatutos
Os doutores para tudo e para nada
O obrigadinho
E todos os clichés que teimam em martelar-me os cornos
Todas as faltas de precisão
A falta da mínima noção de equilíbrio.
Da desonestidade
Da deslealdade
Do conservadorismo sendo conservador
E de qualquer sistema político-fronteiriço.
Chateia-me tanta coisa… mas tanta coisa!
Não consigo deixar de dizer que me chateiam as desconfianças, as mentiras, as falsidades que todos os dias ouvimos.
O dormir pouco
O andar diariamente com sono
O conduzir depressa não conduzindo nada
O estudar sem criatividade
As ordens
Os horários
Os relógios
De Dalí e os mentais e físicos do homem.
As dietas
Os corpos perfeitos
A celulite
A falta de respeito por quem é gordo, ou mal feito, ou magríssimo, ou horrível, ou muito baixo, ou muito alto, ou deficiente, ou cigano, ou preto, ou maluco, ou pobre, ou rico, ou mal cheiroso, ou trafulha, ou padre, ou astrólogo, ou artista…
O não respeitarmos as diferenças apregoando a igualdade.
Chateia-me tanta coisa…
Mas nada me chateia realmente.
Foda-se!
08/06/04
Bar Irreal
por José Sebastião
O copo iluminado pelo néon azulado
Sorri para a bebida escurecida pela noite.
Tímida
Esconde a face avermelhada
Com um lenço branco bordado a linho.
Por entre os átomos da bebida
O vento
Entrando pela porta dos fundos
Percorre friamente
As moléculas da paixão iniciática.
"Tiveram medo?"
O verde-escuro do balcão
Torce o nariz…
Parece-lhe improvável o romance.
Ouve-se uma balada
Na pista de dança.
São levados
Entre empurrões e pisadelas
Para o centro da espiral.
Quando se olham
Silêncio
Os seus olhares entrelaçam-se
Os seus lábios procuram-se
Lentamente…
O momento é único
Sublime
Perfeito.
Suavemente a bebida escura
Ganha o brilho do copo
E o copo
Antes iluminado pelo néon azulado
Está agora envolvido pela paixão
Em tons de amarelo e laranja.
Muito devagarinho
Os lábios tocam-se
As mãos procuram as linhas
Os planos sobre o caos
Toda a vida está ali condensada
Num instante infinito.
Mas quem disse que os objectos não sentem…
Se o seu reflexo somos nós?
por José Sebastião
O copo iluminado pelo néon azulado
Sorri para a bebida escurecida pela noite.
Tímida
Esconde a face avermelhada
Com um lenço branco bordado a linho.
Por entre os átomos da bebida
O vento
Entrando pela porta dos fundos
Percorre friamente
As moléculas da paixão iniciática.
"Tiveram medo?"
O verde-escuro do balcão
Torce o nariz…
Parece-lhe improvável o romance.
Ouve-se uma balada
Na pista de dança.
São levados
Entre empurrões e pisadelas
Para o centro da espiral.
Quando se olham
Silêncio
Os seus olhares entrelaçam-se
Os seus lábios procuram-se
Lentamente…
O momento é único
Sublime
Perfeito.
Suavemente a bebida escura
Ganha o brilho do copo
E o copo
Antes iluminado pelo néon azulado
Está agora envolvido pela paixão
Em tons de amarelo e laranja.
Muito devagarinho
Os lábios tocam-se
As mãos procuram as linhas
Os planos sobre o caos
Toda a vida está ali condensada
Num instante infinito.
Mas quem disse que os objectos não sentem…
Se o seu reflexo somos nós?
28/05/04
Arte
por José Sebastião
A arte distrai a atenção do real.
A arte desresponsabiliza
Transformando o homem
Num bicho inconsequente e depressivo.
A arte aliena a alma
E desmente a maravilha da pureza e da espontaneidade.
A arte é uma desculpa para o fracasso
E para o medo da maturidade.
A arte é um engano
E por isso não passa de uma brincadeira ridícula
Onde mais ridículo é aquele que a compra.
A arte que vende não é arte.
É lixo!
Lixo!
A arte é o resultado da liquefacção da realidade
Servida em copos de refrigerante descartáveis,
Tal como o sexo.
A arte é lixo sexual!
A arte é a viscosidade dos fluidos inválidos.
A arte…
Prefiro o futebol.
por José Sebastião
A arte distrai a atenção do real.
A arte desresponsabiliza
Transformando o homem
Num bicho inconsequente e depressivo.
A arte aliena a alma
E desmente a maravilha da pureza e da espontaneidade.
A arte é uma desculpa para o fracasso
E para o medo da maturidade.
A arte é um engano
E por isso não passa de uma brincadeira ridícula
Onde mais ridículo é aquele que a compra.
A arte que vende não é arte.
É lixo!
Lixo!
A arte é o resultado da liquefacção da realidade
Servida em copos de refrigerante descartáveis,
Tal como o sexo.
A arte é lixo sexual!
A arte é a viscosidade dos fluidos inválidos.
A arte…
Prefiro o futebol.
14/05/04
Quero escrever o eterno poema do Amor
por José Sebastião
Ó Musa invisível que não alcanço!
Diz-me silenciosamente o que não quero ouvir
Que sou imortal
Que não existo na carne
Mas na alma
Não na fétida matéria
Mas na luz.
Onde vives simplicidade?
Onde te escondes compaixão?
Apenas vivemos para aprender.
Não as matérias intelectuais injectáveis:
A física, a química ou a matemática.
Não os pensamentos aerólitos inúteis:
A filosofia, a ética ou a sociologia.
São só entretenimento!
Quero escrever, Musa, o nosso eterno poema do Amor!
Não o amor dos corpos, dos iões ou dos sexos
Mas o amor dos espíritos em paz.
Que túnicas cobrem as nossas costas?
Que véus escondem os nossos olhos?
Hoje tenho fome de ti!
Quero ver-te uma vez mais
Quero trazer-te ao colo como quando te conheci.
Vejo ruírem todas as convenções e imitações
Impérios e catedrais
Vejo aparecerem anjos vestidos de azul
Carregando às costas a balança na cruz.
Cristo é justiça!
Ó Poeta!
Tu que te desgraças
Tu que te aniquilas
Tu que descobres a enigmática beleza da vida
Tu que tratas o mistério por tu.
Tenho medo como o mundo que o sustenta
E apenas desejo uma coisa…
Escrever o eterno poema do Amor
Contigo.
por José Sebastião
Ó Musa invisível que não alcanço!
Diz-me silenciosamente o que não quero ouvir
Que sou imortal
Que não existo na carne
Mas na alma
Não na fétida matéria
Mas na luz.
Onde vives simplicidade?
Onde te escondes compaixão?
Apenas vivemos para aprender.
Não as matérias intelectuais injectáveis:
A física, a química ou a matemática.
Não os pensamentos aerólitos inúteis:
A filosofia, a ética ou a sociologia.
São só entretenimento!
Quero escrever, Musa, o nosso eterno poema do Amor!
Não o amor dos corpos, dos iões ou dos sexos
Mas o amor dos espíritos em paz.
Que túnicas cobrem as nossas costas?
Que véus escondem os nossos olhos?
Hoje tenho fome de ti!
Quero ver-te uma vez mais
Quero trazer-te ao colo como quando te conheci.
Vejo ruírem todas as convenções e imitações
Impérios e catedrais
Vejo aparecerem anjos vestidos de azul
Carregando às costas a balança na cruz.
Cristo é justiça!
Ó Poeta!
Tu que te desgraças
Tu que te aniquilas
Tu que descobres a enigmática beleza da vida
Tu que tratas o mistério por tu.
Tenho medo como o mundo que o sustenta
E apenas desejo uma coisa…
Escrever o eterno poema do Amor
Contigo.
09/05/04
Fruto
por José Sebastião
Foste semente
Foste raíz
Foste seiva
Foste tronco
Foste ramo
Foste flor
Hoje és fruto.
E agora?
por José Sebastião
Foste semente
Foste raíz
Foste seiva
Foste tronco
Foste ramo
Foste flor
Hoje és fruto.
E agora?
03/05/04
Vómito Tardio
por José Sebastião
Acordar debaixo da cama
Com a laranja mecânica a bater à porta
Estou esfomeado.
Vejo corpos perfeitos
Caminhando pelas estradas da dor
Enquanto o carteiro bate à porta na hora da morte.
Lá fora de mim
Inúmeras faces perplexas na sua perplexidade
Riem?
Choram?
Não riem e não choram?
Tenho as cuecas na cabeça
Mas isso não justifica a vossa apatia.
Quem tem vergonha não compra casa
Nem carro
Nem esse tipo de merdas que nos matam
Ignorar a verdade é ser-se feliz!
Acham?
Vomitei o passado para a sanita
E escondi a infância dentro do armário
Agora sou um homem!
por José Sebastião
Acordar debaixo da cama
Com a laranja mecânica a bater à porta
Estou esfomeado.
Vejo corpos perfeitos
Caminhando pelas estradas da dor
Enquanto o carteiro bate à porta na hora da morte.
Lá fora de mim
Inúmeras faces perplexas na sua perplexidade
Riem?
Choram?
Não riem e não choram?
Tenho as cuecas na cabeça
Mas isso não justifica a vossa apatia.
Quem tem vergonha não compra casa
Nem carro
Nem esse tipo de merdas que nos matam
Ignorar a verdade é ser-se feliz!
Acham?
Vomitei o passado para a sanita
E escondi a infância dentro do armário
Agora sou um homem!
30/04/04
Poeta
por José Sebastião
O poeta sempre foi catalogado como um ser indeterminado, ou seja, como um ser nebuloso, permanecendo na obscuridade. Um ser capaz de amar a fealdade e sentir repugnância pela beleza. Capaz de preencher o todo com o nada e o nada com a totalidade. O poeta tira prazer da luz e das trevas, tal como deus e o diabo na sua eterna sedução. O verdadeiro poeta não tem uma personalidade, porque não é um, mas uma infinidade de hipóteses, de facetas. É uma panóplia de perspectivas dinâmicas sobre o universo e sobre o que está para além ou aquém dele. O espaço do poeta é o espaço da mutabilidade permanente e infinita. O poeta não tem nem deve ter identidade. Não tem um mundo seu, porque nada lhe pertence. O poeta é um ente impoético, desapegado e desinteressado. O poeta é a indefinição.
E foi assim que deus criou o poeta… e do poeta fez a história… e da história a arte… e da arte a mentira… e da mentira o poder do engano.
por José Sebastião
O poeta sempre foi catalogado como um ser indeterminado, ou seja, como um ser nebuloso, permanecendo na obscuridade. Um ser capaz de amar a fealdade e sentir repugnância pela beleza. Capaz de preencher o todo com o nada e o nada com a totalidade. O poeta tira prazer da luz e das trevas, tal como deus e o diabo na sua eterna sedução. O verdadeiro poeta não tem uma personalidade, porque não é um, mas uma infinidade de hipóteses, de facetas. É uma panóplia de perspectivas dinâmicas sobre o universo e sobre o que está para além ou aquém dele. O espaço do poeta é o espaço da mutabilidade permanente e infinita. O poeta não tem nem deve ter identidade. Não tem um mundo seu, porque nada lhe pertence. O poeta é um ente impoético, desapegado e desinteressado. O poeta é a indefinição.
E foi assim que deus criou o poeta… e do poeta fez a história… e da história a arte… e da arte a mentira… e da mentira o poder do engano.
29/04/04
Pequenos Pensamentos
por José Sebastião
a) A vida é o molho de um prato principal desconhecido.
b) A vida é um intervalo na eternidade. Resta saber quantos anúncios vamos ter de gramar…
c) A melhor forma de mentir é dizer que a verdade é relativa. Tudo depende do ponto de vista. Ora, se um homem se suicida com um tiro na cabeça significa que não se suicidou com um tiro no coração. Mas, se o vento estiver forte, a bala disparada de encontro ao cérebro pode ser desviada numa trajectória inversa e voltar à pistola. Como a pistola tem a colátra torta a bala pode muito bem atravessar o coração. Tudo isto são pontos de vista. O que conta é que o homem morreu e isso, bem… pode ser bom ou mau. Depende do ponto de vista.
d) Quando oiço falar da morte dos outros fico sempre com a sensação que sou eterno. Não sei, talvez pense que ainda sou novo e essas coisas só acontecem aos velhos e aos doentes. De facto, morrer significa esquecer que se vive. Qual é o sentido da vida senão a própria vida? Tudo isto serve para que aprendamos com os nossos medos e com as nossas perguntas. Pois é… a vida é uma escola de medos e onde se respondem a perguntas. Fazemos tudo por medo e não fazemos determinadas coisas por medo. A morte pode muito bem existir porque tivemos, em alguma altura da nossa existência, medo. E a falta de emprego? E o défice? E a miséria e a toxicodependência? É melhor esquecermos o medo e vivermos a nossa vida descansados. Até quando?
e) E se Jesus Cristo viesse de novo… morreria crucificado num reality show!
f) A metafísica é como uma pastilha elástica. Mexe-se infinitamente na boca, mas não se engole, não alimenta, apenas distrai.
g) O homem da padaria desejou-me boa noite quando fui comprar pão de manhã. Achei estranho, mas logo percebi que se tratava de uma gafe. Retorqui com um “Boa noite!”, ao qual foi respondido “É bom dia!”. É apenas isto que distingue os homens. Aprendi que ceder é dar a outra face. E ri-me à gargalhada, com o cheiro a pão quente invadindo o ar matinal.
h) Estou farto de querer ser escritor. Ou de querer ser alguma coisa, como se fosse obrigatório sermos alguma coisa para termos direito à vida ou à sua presença nela (que são duas coisas diferentes). Estou cansado das pseudo-obrigações subtis da sociedade ultra-moderna, que faz prevalecer o espírito da solidariedade oca e falsa sobre o da dureza da verdade e da convicção anárquicas. Toda a gente tem de prestar contas a alguém, porquê? Há alguém dotado de poderes extra-humanos? Há alguém que governe melhor as leis de Deus que não o próprio? Deixem-no decidir, por favor! O IRS, o IVA, o IRC também são criações de Deus! Tenham paciência…
por José Sebastião
a) A vida é o molho de um prato principal desconhecido.
b) A vida é um intervalo na eternidade. Resta saber quantos anúncios vamos ter de gramar…
c) A melhor forma de mentir é dizer que a verdade é relativa. Tudo depende do ponto de vista. Ora, se um homem se suicida com um tiro na cabeça significa que não se suicidou com um tiro no coração. Mas, se o vento estiver forte, a bala disparada de encontro ao cérebro pode ser desviada numa trajectória inversa e voltar à pistola. Como a pistola tem a colátra torta a bala pode muito bem atravessar o coração. Tudo isto são pontos de vista. O que conta é que o homem morreu e isso, bem… pode ser bom ou mau. Depende do ponto de vista.
d) Quando oiço falar da morte dos outros fico sempre com a sensação que sou eterno. Não sei, talvez pense que ainda sou novo e essas coisas só acontecem aos velhos e aos doentes. De facto, morrer significa esquecer que se vive. Qual é o sentido da vida senão a própria vida? Tudo isto serve para que aprendamos com os nossos medos e com as nossas perguntas. Pois é… a vida é uma escola de medos e onde se respondem a perguntas. Fazemos tudo por medo e não fazemos determinadas coisas por medo. A morte pode muito bem existir porque tivemos, em alguma altura da nossa existência, medo. E a falta de emprego? E o défice? E a miséria e a toxicodependência? É melhor esquecermos o medo e vivermos a nossa vida descansados. Até quando?
e) E se Jesus Cristo viesse de novo… morreria crucificado num reality show!
f) A metafísica é como uma pastilha elástica. Mexe-se infinitamente na boca, mas não se engole, não alimenta, apenas distrai.
g) O homem da padaria desejou-me boa noite quando fui comprar pão de manhã. Achei estranho, mas logo percebi que se tratava de uma gafe. Retorqui com um “Boa noite!”, ao qual foi respondido “É bom dia!”. É apenas isto que distingue os homens. Aprendi que ceder é dar a outra face. E ri-me à gargalhada, com o cheiro a pão quente invadindo o ar matinal.
h) Estou farto de querer ser escritor. Ou de querer ser alguma coisa, como se fosse obrigatório sermos alguma coisa para termos direito à vida ou à sua presença nela (que são duas coisas diferentes). Estou cansado das pseudo-obrigações subtis da sociedade ultra-moderna, que faz prevalecer o espírito da solidariedade oca e falsa sobre o da dureza da verdade e da convicção anárquicas. Toda a gente tem de prestar contas a alguém, porquê? Há alguém dotado de poderes extra-humanos? Há alguém que governe melhor as leis de Deus que não o próprio? Deixem-no decidir, por favor! O IRS, o IVA, o IRC também são criações de Deus! Tenham paciência…
28/04/04
Dias...
por José Sebastião
Há dias em que é inútil tentarmos ser aquilo que não somos. É inútil representar nesses dias, pois a máscara logo cai. Suavemente, sem pudores, receios ou medos... ela cai e revela-nos. Ilumina a nossa face, rígida, amedrontada pela dureza da maturidade, pela dureza do horário, da conta ao fim do mês, do relógio que pesa quilos no nosso pulso, do telemóvel que toca mesmo quando está desligado. É tão difícil sermos outro quando se nos é roubada a mentira. Quando se nos é tirada a rede do trapézio, a batata do nariz, a pintura, as cabeleiras, os cartões de crédito, as fotos, a fama...
Há dias em que é inútil imaginar qualquer coisa de diferente para as nossas vidas, porque a insatisfação é parte da condição humana, parte da condição de sermos insatisfeitos, de estarmos em constante evolução...
Há dias em que é inútil enchermos o peito de orgulho, pois a fragilidade é mais poderosa que uma bomba. E destrói toda a nossa aparência...
Há dias em que é inútil escrever... pois até a escrita é um acto de falsidade.
por José Sebastião
Há dias em que é inútil tentarmos ser aquilo que não somos. É inútil representar nesses dias, pois a máscara logo cai. Suavemente, sem pudores, receios ou medos... ela cai e revela-nos. Ilumina a nossa face, rígida, amedrontada pela dureza da maturidade, pela dureza do horário, da conta ao fim do mês, do relógio que pesa quilos no nosso pulso, do telemóvel que toca mesmo quando está desligado. É tão difícil sermos outro quando se nos é roubada a mentira. Quando se nos é tirada a rede do trapézio, a batata do nariz, a pintura, as cabeleiras, os cartões de crédito, as fotos, a fama...
Há dias em que é inútil imaginar qualquer coisa de diferente para as nossas vidas, porque a insatisfação é parte da condição humana, parte da condição de sermos insatisfeitos, de estarmos em constante evolução...
Há dias em que é inútil enchermos o peito de orgulho, pois a fragilidade é mais poderosa que uma bomba. E destrói toda a nossa aparência...
Há dias em que é inútil escrever... pois até a escrita é um acto de falsidade.
Hoje
por José Sebastião
Hoje é a poesia.
Nem antes
Nem depois
Agora!
Hoje é a verdade
Dos sentidos
Das sensações
Da vida.
Hoje
Conectado com o papel e o céu
Escrevo
Descrevo
E inscrevo-me no mundo.
Hoje estamos vivos
É hoje!
Somos eternos quando somos hoje…
Hoje somos felizes
Incapazes e grandiosos
Ignorantes
Rebeldes e curiosos.
Hoje somos o que fomos
E seremos o que somos sempre.
Hoje é a poesia.
Hoje é o reflexo dos nossos espíritos ancestrais
A prova viva da beleza do amor e da harmonia.
Hoje escrever é libertar-me
Dos demónios e dos monstros imaginários.
Hoje é pintar o livro de desenhos da infância.
Hoje sinto-me Vida a escrever a sua história.
Hoje… a poesia… hoje… a vida… hoje…
Aqui e agora… hoje.
por José Sebastião
Hoje é a poesia.
Nem antes
Nem depois
Agora!
Hoje é a verdade
Dos sentidos
Das sensações
Da vida.
Hoje
Conectado com o papel e o céu
Escrevo
Descrevo
E inscrevo-me no mundo.
Hoje estamos vivos
É hoje!
Somos eternos quando somos hoje…
Hoje somos felizes
Incapazes e grandiosos
Ignorantes
Rebeldes e curiosos.
Hoje somos o que fomos
E seremos o que somos sempre.
Hoje é a poesia.
Hoje é o reflexo dos nossos espíritos ancestrais
A prova viva da beleza do amor e da harmonia.
Hoje escrever é libertar-me
Dos demónios e dos monstros imaginários.
Hoje é pintar o livro de desenhos da infância.
Hoje sinto-me Vida a escrever a sua história.
Hoje… a poesia… hoje… a vida… hoje…
Aqui e agora… hoje.
Flor
por José Sebastião
Frágil como a luz de uma lanterna
Dentro de um poço escuro sem eco.
Assim se cantam hinos a Deus!
Assim se honram os instantes perfeitos
E se compreendem os sete dias da criação!
Assim és tu…
por José Sebastião
Frágil como a luz de uma lanterna
Dentro de um poço escuro sem eco.
Assim se cantam hinos a Deus!
Assim se honram os instantes perfeitos
E se compreendem os sete dias da criação!
Assim és tu…
27/04/04
Poesia a Dois
por José Sebastião
Errando pelo pensamento
Caminhando pelo irreversível…
A letra mais densa do alfabeto é a última
Aquela que não houve senão querendo
E não querendo… houve
No já esquecido gosto da língua
No travo adocicado do chá de jasmim.
As tardes a prometerem outras noites
E os dias… a melancolia das entrelinhas
E a estúpida pressa de chegar ao fim
E a ignóbil ansiedade de recomeçar, e recomeçar…
Até ao indelével traço dos teus lábios
E ao contorno firme dos teus seios
A indicar-me a minha viagem… tão sombria
Tão inesperada e difícil…
Só me resta condensar-te na lembrança
E explodir! Muito e de todas as maneiras
Até aflorar as mais indignas
Pétalas vermelhas e tudo se tornar nu
No teu peristilo emocional
E devorar-te lentamente como o orvalho
Das manhãs escuras e dos dias sem tempo.
Hoje quero-te assim…
Serva dos caprichos do jasmim…
E dos meus.
Sem a pressa estúpida de chegar ao fim.
por José Sebastião
Errando pelo pensamento
Caminhando pelo irreversível…
A letra mais densa do alfabeto é a última
Aquela que não houve senão querendo
E não querendo… houve
No já esquecido gosto da língua
No travo adocicado do chá de jasmim.
As tardes a prometerem outras noites
E os dias… a melancolia das entrelinhas
E a estúpida pressa de chegar ao fim
E a ignóbil ansiedade de recomeçar, e recomeçar…
Até ao indelével traço dos teus lábios
E ao contorno firme dos teus seios
A indicar-me a minha viagem… tão sombria
Tão inesperada e difícil…
Só me resta condensar-te na lembrança
E explodir! Muito e de todas as maneiras
Até aflorar as mais indignas
Pétalas vermelhas e tudo se tornar nu
No teu peristilo emocional
E devorar-te lentamente como o orvalho
Das manhãs escuras e dos dias sem tempo.
Hoje quero-te assim…
Serva dos caprichos do jasmim…
E dos meus.
Sem a pressa estúpida de chegar ao fim.
26/04/04
Em Busca do Equilíbrio Perdido
por José Sebastião
Demasiada luz… ofusca.
Demasiada sede… seca.
Demasiado amor… doença.
Demasiado sexo… ataque cardíaco.
Demasiada vida… indignidade.
Demasiado conhecimento… caos.
Demasiada unidade… dispersão.
Demasiado vinho… sono.
Demasiado sonho… tormento.
Demasiada demasia… apatia.
Demasiado medo… reencarnação.
Demasiada fome… anorexia.
Demasiado sólido… frágil.
Demasiado novo… ultrapassado.
Demasiado velho… assustador.
Demasiado tédio… morte.
Equilíbrio… resposta.
Demasiado equilíbrio… queda.
Como são os opostos tão indistintos!
por José Sebastião
Demasiada luz… ofusca.
Demasiada sede… seca.
Demasiado amor… doença.
Demasiado sexo… ataque cardíaco.
Demasiada vida… indignidade.
Demasiado conhecimento… caos.
Demasiada unidade… dispersão.
Demasiado vinho… sono.
Demasiado sonho… tormento.
Demasiada demasia… apatia.
Demasiado medo… reencarnação.
Demasiada fome… anorexia.
Demasiado sólido… frágil.
Demasiado novo… ultrapassado.
Demasiado velho… assustador.
Demasiado tédio… morte.
Equilíbrio… resposta.
Demasiado equilíbrio… queda.
Como são os opostos tão indistintos!
LifeMix
por José Sebastião
Misturam-se os ingredientes
Em doses que bastam
Direita
Esquerda
A colher dança num movimento intuitivo,
Desliza pelas paredes da tigela
Que sendo acarinhada pela colher
Solta um risinho tímido de quem tem vergonha de dançar
Em frente aos outros
Ingredientes.
O açúcar entranha-se docemente na manteiga.
A manteiga transmite o seu teor polinsaturado
À farinha que não estando à espera
Fica toda salpicada pela onda gigante de leite
Que enche a tigela de frescura.
O chocolate derretido mistura-se com o leite
Transformando-o numa pasta acastanhada.
O mar ao longe também quer participar nesta receita.
E os pássaros empoleirados no ramo do castanheiro
Em frente à janela da cozinha.
E o castanheiro.
E o carteiro que passa de bicicleta com um molho de cartas às costas.
E o cão do vizinho que tem um problema grave de intestinos
E não pode comer doces.
E a televisão que só mostra desgraças.
E o tapete da sala farto de ser pisado por toda a gente.
E todos os tapetes do mundo fartos de serem pisados por todas as gentes.
E as telhas do telhado que espreitam pelos buraquinhos do tecto.
E os meninos que vão para a escola cheios de vontade de aprender.
Mas aprender o quê se eles sabem brincar?
Colocam-se os ovos sem casca
E as galinhas
E o perfume viciante das rosas maduras
E o amargo cru do limão verde
E raspa raspada da laranja
E pedaços de folhas caídas, de amor
O castanho do burro
O azul do céu que lhe foi emprestado
E o vermelho dos cravos e da liberdade
O verde dos arbustos em frente à casa branca
E a borracha dos pneus queimada pelo amarelo do sol
E as gotas cintilantes da chuva
E os aviões batendo as asas
E o vento apressado
E a solidão juntamente com uns pózinhos de compaixão
A velhice e a infância de mãos dadas
E a mentira que chega entretanto e deixa-se ficar.
A bicicleta quer provar o doce,
Mas quem lhe disse que era doce esta miscelânea sensorial de tudo
Misturada com os nadas da vida?
Terá que ser obrigatoriamente doce?
Terá que ser obrigatoriamente salgado?
Só comemos quando temos fome?
Os homens e as mulheres
Os animais, objectos e afins
Esperam impacientemente o regresso dos mortos
Que também querem provar esta mistura de ingredientes diversos.
Mas os mortos já não voltam
Então constroem-se novos ingredientes:
A estabilidade, por exemplo e a ordem – que são neutros, como o Tofu
Apenas ganham sabor pelo sabor dos outros.
Não têm a sua verdade.
Alguns são espelhos de cómodas antigas
Que também querem conhecer esta nova receita, para se conhecerem.
Jornalistas à porta
Pintores à janela
Políticos à escuta
Artistas calados
Deuses ansiosos
Com o cigarro entre os lábios
Esperando uma nova receita, tão secreta!
A mistura já está no forno
O silêncio ambiente
Misturado com os espíritos insensatos
Bate-se o pé
Medita-se
Reza-se
Ora-se
Dorme-se
No fim de contas espera-se
Mas quem espera nunca alcança…
E o doce queimou-se.
Todos se olham, se reconhecem, se beijam, se fundem…
E o cheiro a queimado
Acompanha o momento mais belo da humanidade: a culinária.
por José Sebastião
Misturam-se os ingredientes
Em doses que bastam
Direita
Esquerda
A colher dança num movimento intuitivo,
Desliza pelas paredes da tigela
Que sendo acarinhada pela colher
Solta um risinho tímido de quem tem vergonha de dançar
Em frente aos outros
Ingredientes.
O açúcar entranha-se docemente na manteiga.
A manteiga transmite o seu teor polinsaturado
À farinha que não estando à espera
Fica toda salpicada pela onda gigante de leite
Que enche a tigela de frescura.
O chocolate derretido mistura-se com o leite
Transformando-o numa pasta acastanhada.
O mar ao longe também quer participar nesta receita.
E os pássaros empoleirados no ramo do castanheiro
Em frente à janela da cozinha.
E o castanheiro.
E o carteiro que passa de bicicleta com um molho de cartas às costas.
E o cão do vizinho que tem um problema grave de intestinos
E não pode comer doces.
E a televisão que só mostra desgraças.
E o tapete da sala farto de ser pisado por toda a gente.
E todos os tapetes do mundo fartos de serem pisados por todas as gentes.
E as telhas do telhado que espreitam pelos buraquinhos do tecto.
E os meninos que vão para a escola cheios de vontade de aprender.
Mas aprender o quê se eles sabem brincar?
Colocam-se os ovos sem casca
E as galinhas
E o perfume viciante das rosas maduras
E o amargo cru do limão verde
E raspa raspada da laranja
E pedaços de folhas caídas, de amor
O castanho do burro
O azul do céu que lhe foi emprestado
E o vermelho dos cravos e da liberdade
O verde dos arbustos em frente à casa branca
E a borracha dos pneus queimada pelo amarelo do sol
E as gotas cintilantes da chuva
E os aviões batendo as asas
E o vento apressado
E a solidão juntamente com uns pózinhos de compaixão
A velhice e a infância de mãos dadas
E a mentira que chega entretanto e deixa-se ficar.
A bicicleta quer provar o doce,
Mas quem lhe disse que era doce esta miscelânea sensorial de tudo
Misturada com os nadas da vida?
Terá que ser obrigatoriamente doce?
Terá que ser obrigatoriamente salgado?
Só comemos quando temos fome?
Os homens e as mulheres
Os animais, objectos e afins
Esperam impacientemente o regresso dos mortos
Que também querem provar esta mistura de ingredientes diversos.
Mas os mortos já não voltam
Então constroem-se novos ingredientes:
A estabilidade, por exemplo e a ordem – que são neutros, como o Tofu
Apenas ganham sabor pelo sabor dos outros.
Não têm a sua verdade.
Alguns são espelhos de cómodas antigas
Que também querem conhecer esta nova receita, para se conhecerem.
Jornalistas à porta
Pintores à janela
Políticos à escuta
Artistas calados
Deuses ansiosos
Com o cigarro entre os lábios
Esperando uma nova receita, tão secreta!
A mistura já está no forno
O silêncio ambiente
Misturado com os espíritos insensatos
Bate-se o pé
Medita-se
Reza-se
Ora-se
Dorme-se
No fim de contas espera-se
Mas quem espera nunca alcança…
E o doce queimou-se.
Todos se olham, se reconhecem, se beijam, se fundem…
E o cheiro a queimado
Acompanha o momento mais belo da humanidade: a culinária.
23/04/04
Eternidade
por José Sebastião
Suspiro
Fundo...
Como o céu se constrói
E se recupera...
A viagem é sempre mais importante que o destino.
Um dia
Seremos
Um rebanho
De anjos livres
Capazes de começar
Tudo de novo...
por José Sebastião
Suspiro
Fundo...
Como o céu se constrói
E se recupera...
A viagem é sempre mais importante que o destino.
Um dia
Seremos
Um rebanho
De anjos livres
Capazes de começar
Tudo de novo...
Partilha
por José Sebastião
Receber mensagens como esta:
"Obrigada. Conseguiste enviar-me hoje um raio de sol...
É bom saber que ainda há pessoas vivas e não apenas vivendo."
prova que a partilha é a resposta para todas as nossas angústias.
Partilhem... tudo!
por José Sebastião
Receber mensagens como esta:
"Obrigada. Conseguiste enviar-me hoje um raio de sol...
É bom saber que ainda há pessoas vivas e não apenas vivendo."
prova que a partilha é a resposta para todas as nossas angústias.
Partilhem... tudo!
21/04/04
Carta a Ilustres Senhores
por José Sebastião
Caros amigos
Venho por meio deste poema
Mandar-vos à merda!
Sim. Não encontrei outra forma tão eficaz
De vos dizer que estou farto
Das vossas filosofias baratas
Que nada têm de filosofia
E mesmo se tivessem era igual.
Estou farto
Das vossas luzes natalícias
Dos vossos produtos expostos nas vitrinas
Das vossas palavras simpaticamente hipócritas
Dos vossos carros luxuosos com mulheres-plasticina
Que sorriem 24h/dia.
Das vossas comidas vegetarianas da moda
Das vossas roupinhas orientais
Que descansam sobre os vossos corpos decadentes.
Caros amigos
Venho por este meio
Que não reconheço como poema
Mandar-vos à fava!
Reconheço que generalizo
Mas é o que Vossas Excelências fazem todos os dias
Basta olhar para a televisão.
A televisão é o vosso espelho mais real
Mostra a vossa triste forma de sobreviver.
Sonhem ou convençam-se que têm liberdade
Porque eu estou-me nas tintas!
Estou em paz.
Caros amigos
Venho por meio destas palavras
Refazer toda a estrutura do pensamento crítico.
"Ora, o pensar crítico é, sem margem para quaisquer dúvidas,
A ausência do sentir, em larga medida."
Que me interessa pensar criticamente sobre o sol
Se me posso deitar na areia
Ouvindo as ondas crispadas
Entoando canções de embalar.
O sol não se pensa a si mesmo
Existe!
Nós não nos deveríamos pensar
Apenas existir!
Como me custa ser obrigado a participar
Nos vossos rituais.
Ora deambulando entre a casa, o supermercado e o trabalho
Ora procriando em cada análise
Em cada crítica absurda sobre a razão das coisas
Como se as coisas tivessem razão...
Fazem isso porque não se conhecem. Seus imbecis!
Tenho pena que a verdade já se venda.
Sim, ah não sabiam?
Caros amigos
Venho por meio destas singelas letras
Agrupadas harmoniosamente (ou não)
Declarar que me estou cagando para as vossas verdades
Compradas aqui e ali
Dentro ou fora de vós.
Tenho orgulho em ser pobre
Orgulho em não ter poder de compra
E orgulho em ter orgulho de não ter poder de compra.
Caros amigos
Venho mandar-vos pastar cabras
Através deste texto.
Porque é urgente que se volte às origens
Aos campos abandonados
Às ribeiras quase secas
Às bostas deitadas sobre as pegadas dos velhos.
Caros amigos
Venho por este meio
Pedir-vos que tenham paciência
Que não se matem uns aos outros
Que não vendam criancinhas no mercado negro
Que não se arrastem de joelhos até aos altares do mundo
Que não se fodam, mas façam amor!
Que perdoem, não esqueçam
Que a verdade existe, mas não se compra.
Peço-vos, se ainda me estiverem a ouvir,
Que subam as escadas da vida uma de cada vez
Que caminhem pelo vosso pé
Porque mudar de caminho muitas vezes
Não significa percorrer uma longa distância.
Peço-vos... não peço, imploro!
Que se oiçam uns aos outros
Que se amem, que se beijem.
Que se sintam vivos como se gerassem dentro de vós um bebé eterno.
Caros amigos
Não se atropelem
Não se pisem
Estamos todos no mesmo mundo
No mesmo planeta.
Daqui não podemos sair porque este é o nosso lugar.
Pertençam aos vossos lugares
Amem os vossos lugares
Conheçam-nos até à exaustão!
Escutem o próximo
Que pode ser vosso pai, filho ou espírito santo.
Ámen!
Estou a gastar o meu tempo
Para vos alertar
E o meu tempo é ganho.
Cada minuto é ganho
Em cada minuto que se perde.
Conheço bem a morte dos outros
E sei que o medo sustenta o mundo.
Mas o que nós queremos não é a sustentação... é a libertação, a sublimação!
Caros amigos
Quero agradecer-vos pelo tempo
Que disponibilizastes para me ouvir
Mas não posso deixar de dizer que vos quero a todos no inferno
Para vos ter mais tarde, quem sabe um dia, às portas do céu
Para juntos tomarmos um chá, se o houver…
Caros amigos
Venho por este meio
Fechar-vos este poema.
Adeus e boa morte!
por José Sebastião
Caros amigos
Venho por meio deste poema
Mandar-vos à merda!
Sim. Não encontrei outra forma tão eficaz
De vos dizer que estou farto
Das vossas filosofias baratas
Que nada têm de filosofia
E mesmo se tivessem era igual.
Estou farto
Das vossas luzes natalícias
Dos vossos produtos expostos nas vitrinas
Das vossas palavras simpaticamente hipócritas
Dos vossos carros luxuosos com mulheres-plasticina
Que sorriem 24h/dia.
Das vossas comidas vegetarianas da moda
Das vossas roupinhas orientais
Que descansam sobre os vossos corpos decadentes.
Caros amigos
Venho por este meio
Que não reconheço como poema
Mandar-vos à fava!
Reconheço que generalizo
Mas é o que Vossas Excelências fazem todos os dias
Basta olhar para a televisão.
A televisão é o vosso espelho mais real
Mostra a vossa triste forma de sobreviver.
Sonhem ou convençam-se que têm liberdade
Porque eu estou-me nas tintas!
Estou em paz.
Caros amigos
Venho por meio destas palavras
Refazer toda a estrutura do pensamento crítico.
"Ora, o pensar crítico é, sem margem para quaisquer dúvidas,
A ausência do sentir, em larga medida."
Que me interessa pensar criticamente sobre o sol
Se me posso deitar na areia
Ouvindo as ondas crispadas
Entoando canções de embalar.
O sol não se pensa a si mesmo
Existe!
Nós não nos deveríamos pensar
Apenas existir!
Como me custa ser obrigado a participar
Nos vossos rituais.
Ora deambulando entre a casa, o supermercado e o trabalho
Ora procriando em cada análise
Em cada crítica absurda sobre a razão das coisas
Como se as coisas tivessem razão...
Fazem isso porque não se conhecem. Seus imbecis!
Tenho pena que a verdade já se venda.
Sim, ah não sabiam?
Caros amigos
Venho por meio destas singelas letras
Agrupadas harmoniosamente (ou não)
Declarar que me estou cagando para as vossas verdades
Compradas aqui e ali
Dentro ou fora de vós.
Tenho orgulho em ser pobre
Orgulho em não ter poder de compra
E orgulho em ter orgulho de não ter poder de compra.
Caros amigos
Venho mandar-vos pastar cabras
Através deste texto.
Porque é urgente que se volte às origens
Aos campos abandonados
Às ribeiras quase secas
Às bostas deitadas sobre as pegadas dos velhos.
Caros amigos
Venho por este meio
Pedir-vos que tenham paciência
Que não se matem uns aos outros
Que não vendam criancinhas no mercado negro
Que não se arrastem de joelhos até aos altares do mundo
Que não se fodam, mas façam amor!
Que perdoem, não esqueçam
Que a verdade existe, mas não se compra.
Peço-vos, se ainda me estiverem a ouvir,
Que subam as escadas da vida uma de cada vez
Que caminhem pelo vosso pé
Porque mudar de caminho muitas vezes
Não significa percorrer uma longa distância.
Peço-vos... não peço, imploro!
Que se oiçam uns aos outros
Que se amem, que se beijem.
Que se sintam vivos como se gerassem dentro de vós um bebé eterno.
Caros amigos
Não se atropelem
Não se pisem
Estamos todos no mesmo mundo
No mesmo planeta.
Daqui não podemos sair porque este é o nosso lugar.
Pertençam aos vossos lugares
Amem os vossos lugares
Conheçam-nos até à exaustão!
Escutem o próximo
Que pode ser vosso pai, filho ou espírito santo.
Ámen!
Estou a gastar o meu tempo
Para vos alertar
E o meu tempo é ganho.
Cada minuto é ganho
Em cada minuto que se perde.
Conheço bem a morte dos outros
E sei que o medo sustenta o mundo.
Mas o que nós queremos não é a sustentação... é a libertação, a sublimação!
Caros amigos
Quero agradecer-vos pelo tempo
Que disponibilizastes para me ouvir
Mas não posso deixar de dizer que vos quero a todos no inferno
Para vos ter mais tarde, quem sabe um dia, às portas do céu
Para juntos tomarmos um chá, se o houver…
Caros amigos
Venho por este meio
Fechar-vos este poema.
Adeus e boa morte!
Casa de Campo
por José Sebastião
Dedicado a Vergílio Ferreira
Olhar o silêncio da casa de campo
Na madrugada redentora
Absorver a humidade das paredes ancestrais
E o cheiro a lenha queimada pelo tempo
Os verbos são ideias a caminhar
No sentido da acção inata do Ser.
Nos campos molhados
Brotam flores amargas
Estáticas
E inquietas
O tédio usual dos dias
Senta-se na cadeira de balouço junto à porta da entrada
Os cães guardam-se de susto na casota pintada de azul-marinho
O vento assobia de tal forma que os pássaros hibernam fora de tempo
E as almas dos mortos
Escondidas dentro das árvores
Regressam ao caminho iluminado pelo reflexo das sombras.
Sentir o frio primaveril
Na pele embranquecida pelas horas
Tactear a cegueira dos homens
E a tristeza da criança de pedra
As acções são quimeras inacabadas.
E na casa de campo
A poesia descansa
Para sempre...
por José Sebastião
Dedicado a Vergílio Ferreira
Olhar o silêncio da casa de campo
Na madrugada redentora
Absorver a humidade das paredes ancestrais
E o cheiro a lenha queimada pelo tempo
Os verbos são ideias a caminhar
No sentido da acção inata do Ser.
Nos campos molhados
Brotam flores amargas
Estáticas
E inquietas
O tédio usual dos dias
Senta-se na cadeira de balouço junto à porta da entrada
Os cães guardam-se de susto na casota pintada de azul-marinho
O vento assobia de tal forma que os pássaros hibernam fora de tempo
E as almas dos mortos
Escondidas dentro das árvores
Regressam ao caminho iluminado pelo reflexo das sombras.
Sentir o frio primaveril
Na pele embranquecida pelas horas
Tactear a cegueira dos homens
E a tristeza da criança de pedra
As acções são quimeras inacabadas.
E na casa de campo
A poesia descansa
Para sempre...
12/04/04
Ser
por José Sebastião
Somos apenas, e não apenas, canais
De rádio
De televisão
E de jornais.
Somos verdadeiros instrumentos
De fala
De comunicação
De ilusão
De histórias que contamos e recontamos.
Somos apenas, e não apenas, fantoches
Marionetas bem vestidas
Gesticuladas por dedos divinos
Que não sentem
Que não cantam
Que não mentem
E que só se divertem
A brincar com a energia.
O amor
Esse bicho mau
É apenas, e não apenas, a guloseima
No intervalo da representação.
Somos apenas, e não apenas, nós!
por José Sebastião
Somos apenas, e não apenas, canais
De rádio
De televisão
E de jornais.
Somos verdadeiros instrumentos
De fala
De comunicação
De ilusão
De histórias que contamos e recontamos.
Somos apenas, e não apenas, fantoches
Marionetas bem vestidas
Gesticuladas por dedos divinos
Que não sentem
Que não cantam
Que não mentem
E que só se divertem
A brincar com a energia.
O amor
Esse bicho mau
É apenas, e não apenas, a guloseima
No intervalo da representação.
Somos apenas, e não apenas, nós!
Paródia Humana
por José Sebastião
A dor carece de riso.
Os transeuntes vagueiam
Em círculos cada vez mais apertados.
Se a vontade de gritar se enchesse de lágrimas
E o vento da tarde enchesse os tubos de ventilação mental
Os abraços congelados entre os homens
Transformar-se-iam em flores de laranjeira.
As janelas esquecem-se das portas
E os cães procuram abrigo nas fossas citadinas.
O espelho das florestas
Enegrece o céu
Nele se abrem as trevas fedorentas.
O cheiro a queimado invade os lugares
Empobrecidos por uma poeira mortuária.
As lágrimas de humor
Confundem-se com um riso lacrimal
Frágil mas inevitável.
Os corpos caem por terra
Com medo da chuva
Dos céus surge a morte
Envolta em panos indianos
Que ainda cheiram a incenso, a ouro e a mirra.
Quantas vezes o fim se vislumbrou!
Quantas vezes a eternidade sugou os homens para a desgraça!
É urgente construir paraísos!
Na televisão os monstros atormentam
As crianças petrificadas e loucas:
A guerra é má porque mata pessoas.
Será preciso mais tempo?
por José Sebastião
A dor carece de riso.
Os transeuntes vagueiam
Em círculos cada vez mais apertados.
Se a vontade de gritar se enchesse de lágrimas
E o vento da tarde enchesse os tubos de ventilação mental
Os abraços congelados entre os homens
Transformar-se-iam em flores de laranjeira.
As janelas esquecem-se das portas
E os cães procuram abrigo nas fossas citadinas.
O espelho das florestas
Enegrece o céu
Nele se abrem as trevas fedorentas.
O cheiro a queimado invade os lugares
Empobrecidos por uma poeira mortuária.
As lágrimas de humor
Confundem-se com um riso lacrimal
Frágil mas inevitável.
Os corpos caem por terra
Com medo da chuva
Dos céus surge a morte
Envolta em panos indianos
Que ainda cheiram a incenso, a ouro e a mirra.
Quantas vezes o fim se vislumbrou!
Quantas vezes a eternidade sugou os homens para a desgraça!
É urgente construir paraísos!
Na televisão os monstros atormentam
As crianças petrificadas e loucas:
A guerra é má porque mata pessoas.
Será preciso mais tempo?
Amor Moderno
por José Sebastião
Gosto do teu estilo.
Não gosto de ti
Apenas do teu estilo.
Vivo bem com o facto de não gostar de ti
Porque gosto muito do teu estilo e isso chega-me.
A tua roupa às cores
Os teus perfumes caríssimos
Os teus brincos sofisticados
Pregados ao teu corpo cibernético.
Gosto dos teus ténis fluorescentes
Das tuas meias pretas... que nunca te comprometem!
E da tua cara banhada em pó de arroz.
Gosto do verniz dos teus dentes e das tuas unhas.
Adoro o teu caminhar ondulado
E a tua pele tostada do solário.
Gosto do teu sexo escondido por detrás de renda preta
Tal como uma beata de negro no confessionário ao domingo de manhã
E da tua barriga tatuada com um anjo cornudo.
Do teu anel no polegar
E da tua voz camuflada mas estridente.
Não gosto de ti
Mas adoro o teu estilo!
Os teus óculos de sol à moscardo
As tuas pulseiras à Sixties
As tuas pestanas de plástico
E as tuas lentes multicolor.
As pessoas a olhar…
Como amo as tuas calças justas
E o teu cinto gigante
És demais!
Mas não gosto de ti
Adoro é o teu estilo!
Como fico feliz por te ver…
Fazes-me lembrar o Natal.
por José Sebastião
Gosto do teu estilo.
Não gosto de ti
Apenas do teu estilo.
Vivo bem com o facto de não gostar de ti
Porque gosto muito do teu estilo e isso chega-me.
A tua roupa às cores
Os teus perfumes caríssimos
Os teus brincos sofisticados
Pregados ao teu corpo cibernético.
Gosto dos teus ténis fluorescentes
Das tuas meias pretas... que nunca te comprometem!
E da tua cara banhada em pó de arroz.
Gosto do verniz dos teus dentes e das tuas unhas.
Adoro o teu caminhar ondulado
E a tua pele tostada do solário.
Gosto do teu sexo escondido por detrás de renda preta
Tal como uma beata de negro no confessionário ao domingo de manhã
E da tua barriga tatuada com um anjo cornudo.
Do teu anel no polegar
E da tua voz camuflada mas estridente.
Não gosto de ti
Mas adoro o teu estilo!
Os teus óculos de sol à moscardo
As tuas pulseiras à Sixties
As tuas pestanas de plástico
E as tuas lentes multicolor.
As pessoas a olhar…
Como amo as tuas calças justas
E o teu cinto gigante
És demais!
Mas não gosto de ti
Adoro é o teu estilo!
Como fico feliz por te ver…
Fazes-me lembrar o Natal.
11/04/04
Pensamentos Livres
pela Irmandade do Nó
Leve... tudo é leveza. O conceito escondido por detrás dos escombros de dor e sofrimento. Gosto de pensar que a leveza é o poisar de uma borboleta.
Vazio... e o seu oposto. O meu caminho, penso no meu caminho. Existirá o meu caminho? O passado não é caminho. O futuro não é caminho. Mas o presente é uma curva na estrada.
Belo... beleza... quietude.
Feio... desordem... horror. Quantas faces tem o instante? Saber, não saber... Sentir! No olhar que o meu olhar vê existe irmandade, cumplicidade, compreensão. Será que nos voltaremos a encontrar para recordarmos o quanto temos em comum?
Breve... nada é breve quando se pensa, quando se recorda...
Breve é o escrever, o viver, o sentir, não o pensar.
Os fantasmas habitam a casa do fogo. They dwell in longness of their eternal lives, their eternal death. O fogo cobre as montanhas, vermelhas de parir os espíritos fracos. In the surface life continues... As flores dão à luz abelhas amarelas e pretas. A vida continua no seu andar. Anda leve pela estrada romana de pedras etéreas. Anda fraca e doente, mas anda. Cada passo é um estrondo, um relâmpago no céu azul.
Cá fora eles falam.
Deixo a vontade tomar conta de mim... deixo que me guie, que me deixe exprimir o vazio em tons de azul. Permite-me a evasão, a contemplação... cá dentro de mim. Vaguear pela liberdade e esquecer o corpo inerte, inquieto... à espera do quê? Estou uma vez mais à procura do sentido de tudo isto, quando o sentido é isto mesmo. Tal como acontece...
Imagens... nítidas, desfocadas mas focando, irreconhecíveis mas presentes, íntimas - profundas e nossas!
A brisa nocturna percorre o meu rosto deixando-o gélido e pálido...
Estou carregado de reticências, mas continuo a caminhada da Obra. Prosseguirei... prosseguiremos... até sempre!
pela Irmandade do Nó
Leve... tudo é leveza. O conceito escondido por detrás dos escombros de dor e sofrimento. Gosto de pensar que a leveza é o poisar de uma borboleta.
Vazio... e o seu oposto. O meu caminho, penso no meu caminho. Existirá o meu caminho? O passado não é caminho. O futuro não é caminho. Mas o presente é uma curva na estrada.
Belo... beleza... quietude.
Feio... desordem... horror. Quantas faces tem o instante? Saber, não saber... Sentir! No olhar que o meu olhar vê existe irmandade, cumplicidade, compreensão. Será que nos voltaremos a encontrar para recordarmos o quanto temos em comum?
Breve... nada é breve quando se pensa, quando se recorda...
Breve é o escrever, o viver, o sentir, não o pensar.
Os fantasmas habitam a casa do fogo. They dwell in longness of their eternal lives, their eternal death. O fogo cobre as montanhas, vermelhas de parir os espíritos fracos. In the surface life continues... As flores dão à luz abelhas amarelas e pretas. A vida continua no seu andar. Anda leve pela estrada romana de pedras etéreas. Anda fraca e doente, mas anda. Cada passo é um estrondo, um relâmpago no céu azul.
Cá fora eles falam.
Deixo a vontade tomar conta de mim... deixo que me guie, que me deixe exprimir o vazio em tons de azul. Permite-me a evasão, a contemplação... cá dentro de mim. Vaguear pela liberdade e esquecer o corpo inerte, inquieto... à espera do quê? Estou uma vez mais à procura do sentido de tudo isto, quando o sentido é isto mesmo. Tal como acontece...
Imagens... nítidas, desfocadas mas focando, irreconhecíveis mas presentes, íntimas - profundas e nossas!
A brisa nocturna percorre o meu rosto deixando-o gélido e pálido...
Estou carregado de reticências, mas continuo a caminhada da Obra. Prosseguirei... prosseguiremos... até sempre!
31/03/04
Mais poesia ao início da Noite
por José Sebastião
É perigoso aconchegar um corpo nu
Quando se têm espinhos na alma.
É perigoso aconchegar uma alma nua
Quando se têm espinhos no corpo.
É perigoso aconchegar uma arma
Quando se tem medo nas mãos.
É perigoso sermos homens
Quando não sabemos o que somos.
por José Sebastião
É perigoso aconchegar um corpo nu
Quando se têm espinhos na alma.
É perigoso aconchegar uma alma nua
Quando se têm espinhos no corpo.
É perigoso aconchegar uma arma
Quando se tem medo nas mãos.
É perigoso sermos homens
Quando não sabemos o que somos.
Poesia ao fim da tarde
por José Sebastião
Inspecção Militar
Mancebo!!!
Nº1: de meu nome fizeram um título.
Nº2: de um título fizeram um estatuto.
Nº3: de um estatuto fizeram uma atitude.
Nº4: de uma atitude fizeram um estigma.
Nº5: de um estigma fizeram um regime.
Nº6: de um regime fizeram leis.
Nº7: das leis fizeram uma tradição.
Nº8: de uma tradição fizeram uma nação.
Nº9: de uma nação fizeram uma pátria.
Nº10: de uma pátria fizeram uma guerra.
Nº11: de uma guerra nasceu o amor.
Nº12: do amor fizeram um mancebo,
Que sou eu!
“Heróis do Mar…”
Quem?
Eu?
Desculpe, mas eu estou inapto.
por José Sebastião
Inspecção Militar
Mancebo!!!
Nº1: de meu nome fizeram um título.
Nº2: de um título fizeram um estatuto.
Nº3: de um estatuto fizeram uma atitude.
Nº4: de uma atitude fizeram um estigma.
Nº5: de um estigma fizeram um regime.
Nº6: de um regime fizeram leis.
Nº7: das leis fizeram uma tradição.
Nº8: de uma tradição fizeram uma nação.
Nº9: de uma nação fizeram uma pátria.
Nº10: de uma pátria fizeram uma guerra.
Nº11: de uma guerra nasceu o amor.
Nº12: do amor fizeram um mancebo,
Que sou eu!
“Heróis do Mar…”
Quem?
Eu?
Desculpe, mas eu estou inapto.
10/11/03
Um novo percurso com novas palavras...
... por José Jorge Sebastião
Estou com vontade de tomar banho num bidé e beber uma pina colada derramada no corpo de uma negra bem gorda, cheia de suor, para fazer inveja às bonecas de porcelana que não sabem a tabuada nem discutem política, mas invadem as capas das revistas e os urinóis masculinos. Eu não gostaria de estar por cima de um mictório a servir de cobaia. A vida apresenta-nos sempre dois caminhos, que apenas divergem no sentido, não na direcção.
Se desconstruir a Verdade significa tomarmos um café numa esquina minimamente enquadrada com a arquitectura da cidade, que venham as putas e os santos populares, as farturas, os cachorros, as imperiais e as ilusões!
Desceu sobre mim o desejo de vos invadir com a grotesca beleza de um faminto, envolto numa túnica branca, carregada de púrpura mágoa. Nas mãos duas chagas. No rosto um destino doloroso, mas altivo. Está diante de vós um projecto, possível mas improvável, dada a paixão que sinto pela inércia. E é aí que colho da árvore da vida a laranja mecânica, que me alimentará até morrer. Sonho com a minha lentidão espasmódica.
(Este espaço não tem nome, o autor ainda não se pronunciou sobre a sua vontade temática.
Preferiu experimentar os seus primeiros passos e convidar numa dança de palavras, a quem o queira "ouvir"... por Bruno Fonseca)
... por José Jorge Sebastião
Estou com vontade de tomar banho num bidé e beber uma pina colada derramada no corpo de uma negra bem gorda, cheia de suor, para fazer inveja às bonecas de porcelana que não sabem a tabuada nem discutem política, mas invadem as capas das revistas e os urinóis masculinos. Eu não gostaria de estar por cima de um mictório a servir de cobaia. A vida apresenta-nos sempre dois caminhos, que apenas divergem no sentido, não na direcção.
Se desconstruir a Verdade significa tomarmos um café numa esquina minimamente enquadrada com a arquitectura da cidade, que venham as putas e os santos populares, as farturas, os cachorros, as imperiais e as ilusões!
Desceu sobre mim o desejo de vos invadir com a grotesca beleza de um faminto, envolto numa túnica branca, carregada de púrpura mágoa. Nas mãos duas chagas. No rosto um destino doloroso, mas altivo. Está diante de vós um projecto, possível mas improvável, dada a paixão que sinto pela inércia. E é aí que colho da árvore da vida a laranja mecânica, que me alimentará até morrer. Sonho com a minha lentidão espasmódica.
(Este espaço não tem nome, o autor ainda não se pronunciou sobre a sua vontade temática.
Preferiu experimentar os seus primeiros passos e convidar numa dança de palavras, a quem o queira "ouvir"... por Bruno Fonseca)